Não tenho inclinação para ser melodramático, nem tão pouco excessivamente otimista comigo mesmo, nem muito menos com os outros. Na verdade às vezes me sinto como uma barca a deriva, balançando entre pessimismos e realismos... E entendo que assim mesmo, de vez em quando, é necessário que seja, como se essa fosse a única forma de não esquecer que a Vida não é aquele punhado de sonhos que aprendi nos tempos de minha infante liberdade...
Sinto,
na verdade, que ela, a Vida, é um emaranhado caótico de forças antagônicas que
brincam com meu corpo. As vezes os pés caminham por caminhos que não são
possíveis às mãos tocarem. A cabeça fala de coisas que o coração não sente, ou
o coração sente coisas que não é possível à cabeça entender...
Me sinto assim, disperso de mim mesmo, partido em pedaços que não se encontram, como se o elemento ou o elo que liga as minhas partes estivesse, também, disperso...
...Falando em elo, tem tempo que não deito a cabeça no colo de Deus... lá onde sempre consegui ser eu mesmo, sem máscaras, humanamente eu, simplesmente Ele... Sinto saudades da Sua voz gritando do Mar, "não temas", enquanto sentia medo na barca. Ou quando sentava ao Seu lado, na mesa, pra comer do mesmo pão e beber da mesma água ou vinho, que seja... Sinto saudades de quando, sentados diante da arte ou daquelas coisas simples que esquecemos de contemplar, ríamos e chorávamos juntos, dos meus desmantelos e das minhas doidices... Sem julgamentos, sem o peso do bem ou do mau...
Sim, sinto necessidade dessa unidade que dá sentido àquilo que
sou.
Desejo
um abraço apertado, neste exato momento, daqueles e daquelas que são minha
carne, meu sangue e minha alma, e o sabem...
Como sacramento dessa unidade necessariamente tardia, desejo tudo aquilo que está longe de mim, pois no fim das contas, sou solidão, mas também esperança e amor...
Para minha família, que está longe e nunca deixo de sentir saudades, e Gabriela, a mulher que amo, e de quem sinto falta todos os dias...
José Wilson Correa Garcia
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