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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

NOSSO MACHISMO DE CADA DIA

Há pouco tempo li uma postagem de alguém que achava estranho uma mulher trabalhando como frentista em postos de combustível. Aqui em Russas é uma novidade (?) relativamente recente. Ainda causa estranheza e, por vezes, desconforto a possibilidade de ver e aceitar mulheres trabalhando em lugares onde, suposta e tradicionalmente, a presença masculina sempre predominou. Porque disso ainda? Parece-me que o imaginário coletivo, androcêntrico e machista, ainda insiste em fazer distinção de valores e qualidades a partir da diferença de gênero. Será que a mulher ou o homem são piores ou melhores pelo falo serem homem e mulher? Do ponto de vista machista, sim! Pois bem, para contrapor essa teoria estúpida, segue o que aconteceu comigo.

Ontem o carro que andávamos ficou sem combustível, pois o marcador está com defeito. Para quem já viveu a experiência, sabe como é chato. Debaixo de chuva, nem se fala.

Cheguei no posto Ipiranga. Lá estavam trabalhando três frentistas: dois homens e uma mulher. Expliquei a situação e perguntei se não tinha um recipiente pra levar o combustível e abastecer o carro. Os dois homens foram taxativos. Não! Do lugar de onde eles estavam, sequer olharam pra mim direito. Foram práticos, objetivos, frios. Não tem e ponto final. Se fossem espertos mostrariam, pelo menos por questões profissionais, interesse em resolver o problema do cliente. Não e ponto.


Chateado e puto da vida, peguei o telefone para fazer umas ligações. Percebia que a frentista, mulher, ficou me observando tentando ligar para alguém trazer. Ela sai, entra na loja e volta com o galão e a mangueira. Percebi que estava no depósito, ela simplesmente foi buscar porque não estava sendo usado. Enchi de combustível, abasteci o carro e voltei ao posto para entregar. Agradeci a ela, como se fosse a única pessoa do mundo a ter me enxergado de verdade. Fiquei pensando que o machismo é, definitivamente, uma questão de ignorância. Não há lugar que não possa ser melhor com a presença das mulheres.
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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

CARTA ABERTA DE UM EDUCADOR À CAMILO E DILMA

Querida e companheira Dilma, querido e companheiro Camilo,
Paz!
 
Sou educador, professor, cristão católico e cidadão brasileiro. Comecei a escrever essa carta há, exatamente, uma semana das eleições do 2º turno e tenho a convicção de que a esperança há de vencer o ódio. Sim Dilma, você será reeleita Presidenta da República Brasileira e, Camilo, você será eleito Governador do Estado do Ceará, e a vitória será linda e emocionante de se ver e continuará sendo de cada brasileiro, de cada cearense. Eu, particularmente me permitirei o direito de celebrar estas duas vitórias com um pouco mais de orgulho e explico porque... Sou filiado ao Partido dos Trabalhadores, militei nestas eleições como nunca tinha feito antes, mesmo contra todo ódio e contra toda propaganda difamatória elitista. Nunca recebi um tostão sequer para atuar como militante, acredito, sigo e faço parte de um PT que tem em suas bases a luta pela justiça e igualdade social, que faz opção preferencial pelos mais pobres e pelos trabalhadores. Defendi os projetos do PT tanto para o governo federal quanto para o governo estadual do Ceará. Defendi as causas e, em muitos casos, me calei e aceitei com resignação alianças que, como militante, nunca entendi e aceitei... Mas acolhi, consciente de que nem toda política partidária deve ser, absolutamente, personalista e individual...

Hoje, domingo, 26 de outubro de 2015, depois de ver e celebrar a vitória dos projetos políticos que ajudei a eleger, não me curvo ao sentimento de dever cumprido. Muito pelo contrário, penso que minha luta como educador e militante continua, contribuindo no debate político para colhermos tudo aquilo que semeamos na campanha. Exatamente por isso, quero começar (ou dar continuidade, que seja...) a essa luta dando uma contribuição como educador.

Durante nossa campanha percebi muitos discursos e propagandas sobre nossa educação brasileira e cearense. É inegável os avanços na educação do Brasil e do Ceará, das propostas de escolas de tempo integral e de formação técnica, do acesso democrático à universidade e tantos outros projetos que contribuem para o crescimento da educação de nosso país. Como educador compartilho e contribuo com esse processo, de seus resultados e avanços.

Porém, ao mesmo tempo, me preocupa a dicotomia que se afirma entre formação técnica x formação regular (particularmente de humanidades), consequentemente a omissão sobre um debate coletivo que busque garantir a qualidade de nossa educação básica regular em detrimento de uma priorização da formação tecnicista. Digo omissão, pois o discurso de promoção da formação técnica parece diminuir a formação regular. Não tenho, absolutamente, nada contra a formação técnica, pelo contrário, reconheço sua necessidade para um país em desenvolvimento econômico, como é o caso do Brasil e do Estado do Ceará. O que me preocupa é a hegemonia de um discurso que assume uma postura de preponderância de uma em relação à outra, mesmo que de forma não intencional.

A história tem mostrado que, dentro da esfera pública, quando se estabelece um dualismo entre dois modelos de serviço público, tende-se a privilegiar um em relação ao outro. Bem, estamos falando de dois modelos de educação, o tecnicista e o regular. Tenho plena certeza da teoria que diz sobre a necessidade de integrar as duas propostas. Os modelos de escolas profissionalizantes em nosso Estado têm mostrado isso, mas ainda, na prática educacional, ainda não da forma ideal que precisamos. A diferença salarial entre professores técnicos e da base comum ainda é grande e injusta. A grade curricular e a proposta pedagógica tecnicista e quantitativa parece preocupar mais que a humanística e qualitativa. É evidente que precisamos de uma reforma curricular, mas esta não deve ser feita com a afirmação deste dualismo excludente.

Hoje, no Brasil e no Ceará formamos, todos os anos, milhares de jovens com formação técnica para o mercado de trabalho. E isso é muito bom! Mas os mesmos profissionais que saem de nossas escolas e institutos técnicos estão saindo mais humanizados?! Como educador e professor lhes afirmo que não, pelo menos da forma como nossa infante democracia exige. E digo isso a partir de minha prática docente, como educador da área de ciências humanas. Desde os recursos e acompanhamento pedagógico dos educadores desta área, até o interesse do educando com essas disciplinas, percebo uma contradição institucional que estabelece prioridades estatísticas e esquece da qualidade do processo educativo em nossas escolas públicas. Há, no ensino básico e médio profissionalizante público brasileiro, um perigo acadêmico: o de estarmos priorizando a quantidade da formação tecnicista e esquecendo a qualidade da formação humanística. E isso terá (se já não estiver tendo) graves consequências para a democracia brasileira. Sabemos que o tecnicismo pode se tornar uma ferramenta eficaz para a afirmação da exclusão social e do estabelecimento de classes que se autodestroem no mercado e no modelo capitalista vigente. Não basta somente formar tecnicamente, é preciso lançar no mercado de trabalho um jovem consciente de seus direitos e deveres, humanamente consciente/crítico e livre, para ajudar na construção da sociedade igualitária que precisamos. E a educação pode se tornar uma arma poderosíssima, seja para afirmar a consciência crítica e livre ou, contraditoriamente, para legitimar a segregação em todos os níveis...

Como educador, quero alertá-los para este perigo. Sou parte do projeto político que tem em suas bases o diálogo democrático, a crítica constante e a liberdade de expressão. Hoje posso rasgar o peito para afirmar que este modelo está representado no Brasil, por você Dilma e no Ceará, por você Camilo e que sou parte dele. Por isso, esta carta está para além de ser uma mera formalidade, ela é - pelo menos para mim - o primeiro atestado de afirmação do poder político popular e do meu protagonismo como educador na construção do Brasil e do Ceará que precisamos, junto com vocês Camilo e Dilma.

Um grande e fraterno abraço, com paz e aquela esperança insistente,

José Wilson Correa Garcia
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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Copa do Mundo: está em curso um processo de “higienização” no Rio. Entrevista especial com Hertz Leal

Para Muitos e Muitas a possibilidade de realização da Copa do mundo no Brasil é algo espetacular! E, de fato, pode até ser, dependendo do ponto de vista em que se olha. O futebol em sí é um espetáculo, a torcida, o grito do gol, a paixão... O brasileiro ama futebol, ama o espetáculo da bola... Ainda mais quando o maior evento desse espetáculo está prestes a ser trazido pra cá. Incrível! Mas isso tem um preço e tem consequências, boas e ruins... O fato é que, muitas vezes, não se olha para esse evento a ser realizado aqui no brasil para além do Espetáculo, ou seja, para além da positividade midiática que esconde da própria população as consequências negativas já vislumbradas... Achei essa entrevista interessante e gostaria de compartilhar. Apesar de focar no RJ, pode-se ampliar sua reflexão para os outros estados que estarão acolhendo as consequências do evento espetacular...

Fonte: IHU.

O legado da Copa “será a militarização da cidade para proteger os lucros, com leis de exceção para dar segurança à Fifa e ao Comitê Olímpico Internacional”, diz o membro do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de Janeiro.

Confira a entrevista.


O dossiê exclusivo feito pelo Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de Janeiro “ultrapassa a denúncia e demonstra o projeto de desenvolvimento, o projeto de cidade que está presente nesta forma de conduzir as políticas públicas”, declara Hertz Leal à IHU On-Line. Segundo ele, a distribuição dos investimentos da Copa do Mundo “segue a lógica da especulação imobiliária, ou seja, concentra-se na Barra da Tijuca, onde o prefeito foi subprefeito”.

Leal reitera que os preparativos para a Copa do Mundo e as Olímpiadas desrespeitam os direitos humanos e a legislação prevista na Constituição, na Lei Orgânica e no Estatuto das Cidades. Na entrevista a seguir, concedida por e-mail, ele relata as irregularidades que estão ocorrendo no Rio de Janeiro por conta das desapropriações de terras, transferências de terras públicas para setores privados, e as arbitrariedades cometidas pelo poder público. De acordo com ele, as pessoas que tiveram suas terras desapropriadas foram deslocadas para conjuntos habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida que distam de 30 km e 60 km do local onde moravam. “O correto seria construir os conjuntos habitacionais antes das remoções e no local onde ocorrem as intervenções urbanas, para garantir a continuidade dos estudos das crianças nas mesmas escolas, o tratamento dos idosos nos mesmos postos de saúde, a convivência com a rede de parentesco e de amigos que, em muitos casos, providenciam a solidariedade e os cuidados necessários às crianças, aos idosos e aos doentes”.

Leal enfatiza que, apesar da existência de terras públicas em abundância no estado do Rio de Janeiro, o governo não constrói moradias sociais e oferece “aluguel social ou Minha Casa Minha Vida na zona oeste”, a qual, segundo afirma, “é dominada por milícias”. “Tivemos notícias de conjuntos habitacionais invadidos por estes grupos, além de notícias de que em muitos destes conjuntos são as milícias que organizam os condomínios. Nas eleições, estas milícias ajudam eleger os vereadores que corroboram esta política de higienização da cidade para os negócios olímpicos e os negócios da Copa da Fifa”.

O processo de higienização da cidade, conforme ele relata, ocorre também na região sul, no centro e no entorno do Maracanã. Por causa do “maior rigor nas cobranças dos serviços de energia elétrica, TV a cabo, água e aumento dos aluguéis”, torna-se “insustentável a moradia para os trabalhadores que ganham até três salários mínimos”.

Hertz Leal estudou no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, mas não concluiu o curso e foi ser quiosqueiro na praia de Ipanema. Segundo ele, a prefeitura retirou sua permissão para dar a concessão a uma empresa que detém todos os quiosques da orla marítima do Leme ao Pontal. “Fui expulso por não aceitar os contratos abusivos da concessionária Orla Rio, então retornei à atividade política com a cooperativa Orla Legal e participo do Movimento Unido dos Camelôs – MUCA e do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas desde o início em meados de 2010”. Atualmente Leal trabalha como funcionário público federal.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Quais são as novidades apresentadas no dossiê organizado pelo Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de Janeiro?

Hertz Leal –
A novidade é o aprofundamento das análises, pois o nosso Comitê vem da experiência do Comitê Social do Pan. Eu participava do Conselho Popular, uma entidade que se reúne na Pastoral de Favelas e conta também com a Rede de Comunidades Contra a Violência, e principalmente com as pessoas que estão sendo atingidas pelas remoções no Rio de Janeiro. No início de 2010, as remoções ocorriam em razão das chuvas do dia 6 de abril, quando várias pessoas ficaram desabrigadas. Mas, já no final de 2010, começaram a ocorrer as remoções por causa da construção da via Transoeste. A prefeitura começou a derrubar as casas das pessoas à noite, com tudo dentro: chegava a equipe do Choque de Ordem e mandava as pessoas saírem, não reconheciam direito algum, diziam que era área pública, que as residências eram ilegais e derrubavam tudo. Quando havia resistência, a Guarda Municipal arrancava as pessoas de suas casas, das suas lojas. Da Barra da Tijuca para o Recreio, eles aterrorizaram.

Existia uma Defensoria atuante, o Núcleo de Terras e Habitação – NUTH. Foram feitas várias denúncias. Foi encaminhada uma medida cautelar para a Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos – OEA. O Comitê Popular da Copa ajudou a organizar a Missão da Plataforma Dhesca em maio de 2011, quando fomos visitar estas comunidades que estavam sendo arrancadas para construção da Transoeste e Transcarioca, além das remoções no Porto Maravilha (centro) e no Tabajaras (zona sul). O Dossiê parte desse relatório, mas temos diversas contribuições tais como a análise das leis de exceção, a modificação do Maracanã, a falta de transparência na apresentação dos dados, projetos e estudos de impactos ambientais e de vizinhança. O dossiê ultrapassa a denúncia e demonstra o projeto de desenvolvimento, o projeto de cidade, que está presente nesta forma de conduzir as políticas públicas.

IHU On-Line – Em que sentido os preparativos para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas estão violando os direitos humanos? Pode nos relatar alguns casos?

Hertz Leal –
Os preparativos para Copa do Mundo e Olimpíadas estão violando os direitos humanos na medida em que não respeitam o direito à moradia, o direito à cidade, pois temos uma legislação muito bem definida desde a Constituição, a Lei Orgânica, o Estatuto das Cidades, tratados Internacionais dos quais o Brasil é signatário. Ou seja, temos leis que determinam, em caso de desapropriação por interesse público, uma indenização justa e prévia. Mas deve-se considerar a moradia como um direito independente de propriedade; deve-se buscar o entendimento e o reassentamento no mesmo local. Depois desses escândalos e sucessivas denúncias, eles continuam oferecendo aluguel social num valor que não dá condições para alugar uma casa na mesma região. A maioria das casas oferecidas dos conjuntos Minha Casa Minha Vida distam de 30 a 60 km do local original, quando o correto seria construir os conjuntos habitacionais antes das remoções e no local onde ocorrem as intervenções urbanas, “chaves por chaves”, para garantir a continuidade dos estudos das crianças nas mesmas escolas, o tratamento dos idosos nos mesmos postos de saúde, a convivência com a rede de parentesco e de amigos que, em muitos casos, providenciam a solidariedade e os cuidados necessários às crianças, aos idosos e aos doentes. Esses casos de desapropriação são parte das violações. Devemos ressaltar ainda as perseguições aos camelôs, a precarização do trabalho nas construções dos estádios e outras infraestruturas, o recolhimento compulsório das pessoas em situação de rua para abrigos distantes e sem uma adequada estrutura de atendimento.

Estamos preocupados com as leis de exceção que estão sendo criadas no intuito de conceder direitos de propriedade a marcas e símbolos que são utilizados naturalmente pelos comerciantes informais, ou seja, por aqueles que confeccionam lembranças da cidade e dos jogos e que não poderão ser utilizados. Pelo contrário, serão criminalizados caso alguém queira vender alguma lembrança da Copa do Mundo ou Olimpíadas. Também haverá limitação na liberdade de manifestação e comunicação.

IHU On-Line – O dossiê denuncia a transferência de terras públicas para o setor privado através de parcerias público-privadas. Como isso está acontecendo?

Hertz Leal –
Quanto à transferência de terras públicas, que deveriam ser preferencialmente utilizadas para construção de moradias de interesse social, o caso mais emblemático é o do Porto Maravilha, uma região com terrenos e prédios da administração portuária e da RFFSA. Mais de 70% da região é constituída de terras públicas que estão sendo repassadas para um consórcio de empreiteiras. Foi criado o Certificado de Potencial de Construção – CEPACS, que permite construir acima do gabarito, e a Caixa Econômica terminou comprando estes certificados com os recursos do FGTS. Trata-se de um valor mobiliário que poderá ser vendido no futuro para que o construtor possa obter licença para construir acima do gabarito. Mas a prefeitura não demarcou áreas de interesse social, nem exigiu a construção de moradias de interesse social. Pelo contrário, ainda está aterrorizando moradores do Morro da Providência para construir teleférico e plano inclinado. Para isso terá de destruir mais de 800 moradias. Apesar de terras públicas em abundância, não constroem as moradias, oferecem aluguel social ou Minha Casa Minha vida na zona oeste. A região da zona oeste é dominada por milícias e tivemos notícias de conjuntos habitacionais invadidos por estes grupos, além de notícias de que em muitos destes conjuntos são as milícias que organizam os condomínios. Nas eleições, estas milícias ajudam eleger os vereadores que corroboram esta política de higienização da cidade para os negócios olímpicos e os negócios da Copa da Fifa.

IHU On-Line – O dossiê também menciona que os recursos da Copa do Mundo estão sendo distribuídos desigualmente entre os 20 municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro. Como acontece a distribuição dos recursos? Existe algum critério? Em que regiões do Rio de Janeiro se concentram os maiores investimentos da Copa do Mundo?

Hertz Leal –
A distribuição dos investimentos segue a lógica da especulação imobiliária, ou seja, concentra-se na Barra da Tijuca, onde o prefeito foi subprefeito, e, como se trata da região do litoral, tem a preferência da classe média, onde são construídos os condomínios de luxo. O mapa da Unidade de Polícia Pacificadora – UPPs também contempla as regiões de investimentos para os megaeventos: a região sul, o centro e a região do Maracanã, embora os investimentos sociais (UPP social) ainda continuem nas promessas. Observamos principalmente a expulsão branca por conta do maior rigor nas cobranças dos serviços de energia elétrica, TV a cabo, água e aumento dos aluguéis. Quer dizer, tornaram insustentável a moradia para os trabalhadores que ganham até três salários mínimos. Também continuam as políticas de expulsão ora alegando risco ou limites de preservação ambiental. Eles também perseguem os depósitos dos ambulantes e os pequenos comércios.

IHU On-Line – Quais as implicações de megaeventos como a Copa do Mundo e das Olimpíadas? Eles trazem mais benefícios ou prejuízos para a cidade?

Hertz Leal –
A Copa do Mundo e Olimpíadas são eventos que estão possuídos de uma lógica capitalista em que o objetivo maior é fazer lucros com publicidade na transmissão para a Fifa e o Comitê Olímpico Internacional – COI, que se associam com interesses da especulação imobiliária, capitais financeiros, com as corporações midiáticas e políticos que compartilham desses lucros para aumentarem os ganhos, pois realmente não percebemos melhoria nas atividades esportivas nas escolas nem melhoria na educação, tampouco na saúde. Percebemos que o legado será a militarização da cidade para proteger os lucros, com leis de exceção para dar segurança à Fifa e ao COI. Querem até que a União se responsabilize por eventuais prejuízos. Depois sobrarão dívidas para os cidadãos pagarem e provavelmente vão receitar austeridade e mais supressão de direitos para continuar garantindo as vantagens para os banqueiros, corporações e especuladores.

Vamos levar nossa experiência para a Cúpula dos Povos e discutir os caminhos do desenvolvimento que estão propostos nestes megaeventos, nesses megaprojetos e vamos buscar soluções e propostas para uma sociedade mais justa e com participação de todos.
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terça-feira, 1 de maio de 2012

1º de Maio – OIT considera situação do desemprego extremamente alarmante

      Nesta segunda-feira (30), véspera do Dia Internacional do Trabalhador – 1º de Maio - a Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou o Relatório sobre o Trabalho no Mundo 2012: Melhores empregos para uma economia melhor. O documento faz uma análise da situação do emprego no mundo e aponta que ela está se deteriorando sem indicativos de que deve melhorar em curto prazo.

      Desde o ano passado, os mercados laborais vêm sendo afetados pela desaceleração do crescimento mundial. A isto se soma o fato de que estes mercados ainda não estavam totalmente recuperados da crise econômica que despontou em 2008. O resultado é que hoje faltam 50 milhões de empregos no mundo se comparado com a situação que se tinha antes da crise econômica mundial de quatro anos atrás.
      "É pouco provável que durante os próximos dois anos a economia mundial cresça a um ritmo suficiente para reduzir o atual déficit de emprego, e oferecer trabalho a mais de 80 milhões de pessoas que se calcula que entrarão no mercado de trabalho durante este período”, avalia o relatório da OIT.
      Mesmo com o crescimento econômico apresentado por algumas regiões, a situação pode ser definida como extremamente alarmante. A OIT alerta que está surgindo uma nova e mais intensa fase de crise mundial do emprego. Isto se deve a uma soma de fatores. O primeiro é a combinação entre austeridade fiscal e drásticas reformas trabalhistas, plano adotado por governos com economias avançadas.
      "A excessiva importância que muitos países da eurozona estão dando à austeridade fiscal está aprofundando a crise do emprego e poderia inclusive conduzir a outra recessão na Europa, explicou Raymond Torres, diretor do Instituto Internacional de Estudos do Trabalho e um dos autores do relatório.
      Outro fator é a perda de competência e desmoralização das pessoas que buscam trabalho em países com economias avançadas. A OIT também esclarece que as pequenas empresas estão tendo dificuldade em acessar crédito, situação que impossibilita a criação de novos postos de trabalho. Dessa forma, nos países que adotaram este plano, em especial nos países da Europa, não se vislumbra uma recuperação do emprego antes de 2016.
      O relatório também acrescenta que a crise mundial do emprego é reforçada pela criação de empregos precários. Em 26 das 50 economias pesquisadas, as chamadas ‘formas não convencionais de emprego’ se incrementaram nos últimos anos.
      "No entanto, alguns países conseguiram gerar empregos e ao mesmo tempo melhorar a qualidade do trabalho, ou pelo menos um de seus aspectos. Por exemplo, no Brasil, Indonésia e Uruguai as taxas de emprego aumentaram e a incidência de trabalho informal diminuiu. Isto se deve à introdução de políticas sociais e trabalhistas adequadas”, explica o informe.
      Mais um fator que colabora para a crise do emprego mundial é a degradação do clima social e o consequente aumento das tensões. No Índice de Tensão Social apresentado no relatório, em 57 dos 106 países analisados o risco de tensão social cresceu em 2011 se comparado com 2010. As regiões com maior incremento foram África Subsaariana e Oriente Médio e África do Norte.
      Além da crise do emprego, estas medidas provocam consequências como o aumento da taxa de pobreza na metade das economias desenvolvidas e em um terço das economias em desenvolvimento e o crescimento da desigualdade na metade dos países desenvolvidos e em um quarto dos países em desenvolvimento.
      O desemprego juvenil também aumentou 80% nos países desenvolvidos e dois terços nas economias em desenvolvimento. Já em 26 dos 40 países dos quais se tem dados foi possível constatar que a quantidade de trabalhadores amparados por acordos coletivos de trabalho diminuiu entre 2000 e 2009.
      Para combater esta deterioração cada vez mais séria do emprego e suas graves consequências a OIT propõe a adoção de uma combinação de políticas favoráveis à criação de emprego, baseada em impostos e no aumento dos investimentos públicos e benefícios sociais. Desta forma, ao menos nas economias avançadas seria viável a criação de cerca de dois milhões de postos de trabalho.

Fonte: ADITAL
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