sábado, 21 de março de 2020

UM DIÁLOGO SOBRE A PANDEMIA ENTRE UM PROFESSOR E UMA EX-ALUNA


Bianca (@bia_liraa) foi minha aluna. É um desses seres humanos que a gente sente que está no mundo por um motivo maior do que podemos imaginar. Está fazendo psicologia e nunca poderia imaginar outra profissão melhor pra ela.

Ontem me mostrou um texto que estudou em uma aula, onde o autor faz uma leitura psicanalítica da crise causada pela pandemia do coronavírus. Foi o pontapé para uma conversa importante para mim e talvez seja para você que está lendo e esteja com o coração e a mente sofrendo com tudo isso. Por isso, separei os trechos que mais me marcaram:

“Sim! É muito incrível, porque no texto ele diz que para além do corpo, essa doença tira de nós, nossa identidade.”

“Assim como ele também diz que é natural do ser humano, diante de algo desconhecido, buscar abraço. E isso é justamente o que não podemos fazer.”

“É desesperador, porque o sentimento de impotência tende a tomar conta de nós. E sem um abraço pra acalmar ou um aperto de mão pra sentir o outro ali, lutando também, dá uma sensação de ‘é cada um por si’.”

- Eu disse como me sentia, navegando as vezes entre esperança e outras vezes na falta dela.

Ela continua: “Estou sentindo o mesmo. Por vezes, me pego esperançosa que isso é uma fase, que passará. Outras vezes, sinto uma falta de ar imensa, como se estivesse cercada pelo vírus, literalmente e não só geograficamente.”

“É difícil porque antes de chegar ao corpo, a doença chega à mente. E começa o seu trabalho lá.”
 
Eu: As vezes eu vejo sendo noticiado o contágio de gente conhecida e rica (que tem facilidade de fazer o exame) e fico pensando se o vírus já não está mais perto do que esperamos, no povo simples que está em casa apenas esperando os sintomas mais sérios se manifestarem. Caso se manifeste... se não, a vida continuará.

Ela termina: “Sim, acaba que durante esse período de isolamento, pensamentos como esse surgem. É preciso cuidado. Cuidado para não cair nas armadilhas da mente. Cuidado pra não deixar que o vírus chegue nela.”

“Só queria que as pessoas entendessem a gravidade, para obedecerem.”

Obrigado, Bianca!

Amo você!

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