terça-feira, 26 de maio de 2015

UM DESABAFO À "PÁTRIA EDUCADORA"

Reconheço que um governo para se estabilizar economicamente precisa de se adequar às necessidades de um mercado financeiro instável e, nem sempre, favorável à economia local e às políticas sociais de um país, como é o caso do Brasil. Por isso a necessidade de "cortes" orçamentários e contenção de gastos. O reflexo disso, na prática, cai sobre os programas e políticas públicas que dependem diretamente dos recursos públicos destinados pela união. Atualmente o Brasil vive este momento.
A questão é que, historicamente, as medidas econômicas adotadas por modelos de governos passados no Brasil "privilegiou" sempre o bolso do contribuinte mais necessitado, do trabalhador assalariado. É isso que volta a se repetir? É isso que, desgraçadamente, vemos repetir? Não tenho conhecimento econômico para palpitar sobre setores da economia que, por minha ignorância nesse campo, são misteriosos e obscuros, apesar de me inclinar, com certo pessimismo - confesso -, diante de um futuro cada vez mais tenebrosamente próximo. Porém, acho que posso palpitar sobre um setor que estou metido de corpo, alma e coração: a educação.
Foram 9 bilhões de reais o total de cortes na educação. Eu, sinceramente, não tenho nem ideia do quanto é isso. Sei que é muito, demasiadamente muito. Penso que o impacto desse corte para um sistema educacional já com sinais visíveis de falência é o que me parece mais aterrador. Lembro-me que uma das grandes bandeiras de luta... Aliás, "uma das, não", mas A grande bandeira de luta da campanha eleitoral da atual presidenta Dilma foi a Educação, tanto que o lema atual de seu governo é "Brasil, pátria educadora", supostamente justificada por uma reforma educacional tirada não sei de onde, idealizada Deus sabe como ou quando... Como professor e educador, sinto vontade de chorar, para não dizer o contrário, quando leio esse lema...
Os dois governos do presidente Lula impulsionaram de forma significativa a educação. O crescimento deste setor possibilitou a ampliação de uma rede de educação em constante crescimento, seja na educação básica, profissional ou superior. As universidades, creches, ensino profissionalizante, a possibilidade de pesquisa nos diversos campos do conhecimento... tudo isso com qualidade, se tornou um sonho acessível a muitos, antes limitado a uma pequena parcela elitizada da sociedade brasileira. Hoje e amanhã, gerações se consolidarão, intelectual e profissionalmente, graças a estes avanços. Porém, de uns anos para cá este mesmo sistema educacional parece ter parado no tempo e no espaço. Começando, visivelmente, por um notável sucateamento da parte física de nossas instituições educativas, onde, atualmente, falta até material de limpeza para lavar os banheiros onde nossos alunos fazem suas necessidades. Sem falar no básico para o professor dar sua aula, como pincel e apagador, etc. Porém, não foi só isso. De uns tempos para cá começamos a notar, mesmo que não querendo assumir ou acreditar, a inviabilidade e cortes de programas de acesso à universidades, como é o caso dos financiamentos de acesso a um curso superior ou até mesmo à pesquisas de pós-graduação. Isso sem falar das contradições que dizem respeito às condições salariais e de direitos dos profissionais da educação, que se manifestaram, recentemente, nas greves e lutas que se espalham por todo país, à custa, muitas delas, de muita cacetada e bomba de gás.
Enfim, para uma nação que se compromete, teoricamente, com a educação, são sinais desanimadores, que não ajudam a alimentar a esperança... Principalmente vindo de um projeto político que tem um partido que, historicamente, defendeu a classe trabalhadora e menos favorecida deste país, como é o caso do Partido dos Trabalhadores.
A pátria educadora é cada vez mais distante... O coração cada vez mais pesado, a luta cada vez mais difícil... Posso perder o encanto político, posso perder a esperança da luta, mas não perderei a liberdade de dizer o que acredito ser verdade...

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