quinta-feira, 26 de abril de 2012

ETERNO RETORNO

      Esta é a primeira postagem do meu Blog FALANDO PRA CALAR. Sim, é preciso falar pra calar de vez em quando... Ou talvez sempre. Quando a gente cala com consciência de ter falado o que precisávamos, o nosso falar não é em vão. Ele exige reflexão, exige silêncio pra ruminação.
      Sempre achei que eu pensava demais antes de falar, mas a verdade é outra, a necessidade é outra. O falar carrega consigo a paixão, o ímpeto, a explosão de sentimentos e sentidos, a sensibilidade... Tudo isso no presente vivido com a intensidade que a Vida me impõe. Claro que o falar nessas sircunstâncias exige consequências. Por isso o calar...
      Aqui falarei de tudo o que a Vida me impõe, falarei com a necessidade divina da expressão... E calarei, seja para depois falar mais ou para pedir perdão e reparar o que preciso for... Mas falarei dessa Vida que move tudo o que rodeia como um eterno presente, como um eterno retorno...


“ETERNO RETORNO”

Um mundo se desenrola diante de mim.
Prédios, carros, pessoas
parecem cumprir seu patético “destino”.
Um “destino” cheio de mudanças,
acertos e desacertos
que parecem se repetir infinitamente
sem que nada, absolutamente nada,
se revele de forma Nova... Radical.
Tudo é o mesmo e,
por milênios,
camadas e camadas de poeira
foram lançadas sobre o que se chamam
“nossa vida”, lançando-nos cegamente
Em direção a um futuro
amarrado – sempre – a um passado.
Esquecemos do Presente...

Renuncio a mim mesmo – construído por essa “vida” –
e vejo abrir-se diante de mim
o Horizonte infinito da Existência Presente.

Prédios, carros, pessoas
se misturam no grande Sopro que,
desde sempre,
faz girar a ampulheta divina da existência.
Tudo que me pareceu melancolicamente repetir
revela-se novo,
um novo infinitamente repetido... Revolucionário.
Isso me aniquila de medo,
pois já não é mais “passado/futuro”
que ditará as regras do jogo da vida,
mas o próprio Presente que eu mesmo Faço e Construo.
Presente que eu mesmo Sou e Fui,
que se lançará para dentro de Tudo.

Fecho os olhos...
Abro...e só vejo prédios, carros e pessoas.
Estou de volta?

José Wilson, sj
Belo Horizonte, 26 de Maio de 2006.

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