Há pouco tempo li uma postagem de alguém que
achava estranho uma mulher trabalhando como frentista em postos de combustível.
Aqui em Russas é uma novidade (?) relativamente recente. Ainda causa estranheza
e, por vezes, desconforto a possibilidade de ver e aceitar mulheres trabalhando
em lugares onde, suposta e tradicionalmente, a presença masculina sempre predominou.
Porque disso ainda? Parece-me que o imaginário coletivo, androcêntrico e
machista, ainda insiste em fazer distinção de valores e qualidades a partir da
diferença de gênero. Será que a mulher ou o homem são piores ou melhores pelo
falo serem homem e mulher? Do ponto de vista machista, sim! Pois bem, para
contrapor essa teoria estúpida, segue o que aconteceu comigo.
Ontem o carro que andávamos ficou sem
combustível, pois o marcador está com defeito. Para quem já viveu a
experiência, sabe como é chato. Debaixo de chuva, nem se fala.
Cheguei no posto Ipiranga. Lá estavam trabalhando três frentistas: dois homens e uma mulher. Expliquei a situação e perguntei se não tinha um recipiente pra levar o combustível e abastecer o carro. Os dois homens foram taxativos. Não! Do lugar de onde eles estavam, sequer olharam pra mim direito. Foram práticos, objetivos, frios. Não tem e ponto final. Se fossem espertos mostrariam, pelo menos por questões profissionais, interesse em resolver o problema do cliente. Não e ponto.
Chateado e puto da vida, peguei o telefone para
fazer umas ligações. Percebia que a frentista, mulher, ficou me observando
tentando ligar para alguém trazer. Ela sai, entra na loja e volta com o galão e
a mangueira. Percebi que estava no depósito, ela simplesmente foi buscar porque
não estava sendo usado. Enchi de combustível, abasteci o carro e voltei ao
posto para entregar. Agradeci a ela, como se fosse a única pessoa do mundo a
ter me enxergado de verdade. Fiquei pensando que o machismo é, definitivamente,
uma questão de ignorância. Não há lugar que não possa ser melhor com a presença
das mulheres.